Ter ácido úrico nas veias é normal — ele é um produto do nosso metabolismo, gerado a partir da quebra das moléculas de proteína dos alimentos que ingerimos. Ele passa para o sangue e parte dele deve ser eliminado pelos rins e intestinos. Mas algumas pessoas têm dificuldade em eliminá-lo ou o produzem em excesso. O diagnóstico de excesso de ácido úrico, chamado de hiperuricemia, é feito por meio de exames que analisam a quantidade de ácido úrico no sangue. Fiz uma pequena pesquisa sobre ele, que você pode conferir a seguir.
O que é isso?
O ácido úrico é uma substância produzida no fígado, derivada do metabolismo da purina, um tipo de proteína presente no nosso corpo e nos alimento que ingerimos. Quanto maior a ingestão de purinas, maior a produção de ácido úrico. O ácido úrico é um composto orgânico de carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio, sua fórmula química é C5H4N4O3.
Por que ele se acumula?
Durante a evolução das espécies, o ser humano perdeu a capacidade de produzir uma enzima chamada uricase, que transforma o ácido úrico em alantoína, uma substância muito mais solúvel no sangue. Como resultado, os humanos apresentam níveis de ácido úrico muito mais altos do que a maioria dos outro mamíferos e necessitam do rim para eliminá-lo de forma eficiente, impedindo o seu acúmulo.
Os nossos níveis normais de ácido úrico estão muito próximos do limite de solubilidade e pequenos aumentos na sua concentração causam precipitação deste nos tecidos. O ácido úrico é mais solúvel em temperaturas acima de 37ºC, que é a temperatura do sangue. Porém, nas nossas articulações, a temperatura é mais baixa o que favorece a deposição de cristais nestes locais (toque no seu joelho e compare a temperatura deste com as das coxas ou pernas). O ácido úrico precipita na forma de urato de sódio.
Resumindo: O ácido úrico fica dissolvido no sangue até níveis próximos das 7 mg/dl. A partir deste valor, quanto mais alto for sua concentração, maior é a chance de cristalização e deposição nos tecidos, primeiro nas articulações que são as regiões de menor temperatura do corpo, e conforme o nível sanguíneo se eleva, qualquer tecido pode ser acometido. São necessários alguns anos de ácido úrico elevado sem tratamento para se desenvolver gota.
O que acontece se o nível do ácido úrico for alto?
“O ácido úrico se deposita nos tecidos das articulações e pode destruí-los”, explica o nutrólogo Valter Makoto (SP). Nem todos os que têm altas taxas de ácido úrico terão problemas. Mas quem tem predisposição genética para as crises de gota deve ficar atento: os primeiros sintomas incluem dores nas articulações, principalmente no dedão do pé, inchaço e vermelhidão na região. A dor pode se espalhar para as articulações dos joe lhos, cotovelos, mãos e ombros. “O excesso de ácido úrico também causa tofos, pequenos caroços na pele. E, quando seus cristais se depositam nos rins, formam os cálculos renais, a famosa pedra nos rins”, alerta Nelson Iucif Jr., médico e diretor do departamento de Nutrologia Geriátrica da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
E o pior: Pesquisa recente, realizada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), conclui que o ácido úrico sozinho é capaz de aumentar em 3,5 vezes os riscos de um adulto apresentar calcificação nas artérias do coração — o que significa um potencial 10 a 12 vezes maior de ocorrer um infarto e morte súbita.
Qual médico procurar?
Procure um reumatologista ou um clínico geral sempre que você tiver dor e inchaço em uma junta. Se você já teve gota no passado ou uma crise típica, seu médico pode sugerir um antiinflamatório que ficará disponível para ser tomado precocemente em qualquer sinal de uma crise.
Tem cura? Como evito?
Você pode ajudar a prevenir a gota ingerindo uma dieta saudável, evitando o abuso de álcool (especialmente as “bebedeiras”), evitar a desidratação, a perda de peso rápida, se você for obeso, e evitar o uso de diuréticos (pílulas para urinar) se possível. Para a maioria dos pacientes, as restrições dietéticas parecem ter pequeno benefício, mas você deve evitar qualquer comida que parece ativar ataques de gota.
Não há cura para este mal, mas é possível controlar os níveis de ácido úrico no sangue. Em casos mais graves, há medicamento específico, usado fora das crises. Para a maioria das pessoas que tem hiperuricemia, a recomendação é evitar os fatores agravantes, como exercícios em excesso, uso de diuréticos e anti-inflamatórios e dietas ricas em purinas — substâncias de alguns alimentos que fazem parte das proteínas e que ajudam a aumentar a concentração de ácido úrico. E quem tem gota deve evitar bebidas alcoólicas. “Elas ajudam o ácido úrico a formar um cristal e a entrar na articulação”, explica Nelson Lucif.
O que eu posso comer?
Permitidos
Leite, iogurte, manteiga e queijo magro, óleos vetais,
Ovos
Café e chás
Azeite, castanhas, nozes, amendoim, amêndoas
Pão, biscoito, macarrão, fubá, arroz branco, milho, mandioca, sagu, couve, repolho, alface, acelga, agrião, batata
Frutas, verduras e legumes não citados nas outras colunas
Consumo moderado
Ervilha, feijão, soja, milho, lentilha, grão de bico, aspargos, couve-flor, espinafre, cogumelos
Cereais integrais: farinha integral, pão integral, farelo de trigo, aveia
Carnes magras (patinho, coxão duro), peito de frango;
Filé de peixe (pescada branca)
Chocolate e cacau
Proibidos
Carnes, como bacon, vitela, cabrito, carneiro, carne de porco, toucinho, banha;
Caldo de carne, molhos prontos, extrato de tomate.
Carnes processadas como salsicha, linguiça, presunto, mortadela, embutidos
Miúdos em geral (miolo, fígado, rins, coração, moela)
Frutos do mar, como sardinha, mexilhão, anchova, bacalhau, salmão, truta, atum, arenque, camarão, lagosta, ostra, caranguejo
Aves, como pombo, ganso, peru, galinha, galeto
Pão, arroz, macarrão e farinha de trigo brancos
Oleaginosas, como coco, nozes, castanhas, amêndoas, amendoim, pistache, avelã
Alho poró, aspargos, brócolis, cogumelo, espinafre, feijão, lentilha, grão de bico, ervilha, trigo, pão de centeio;
Açúcar, doces, refrigerantes, sucos industrializados
Bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja
Os caldos e ensopados devem ser evitados porque o ácido úrico é muito hidrossolúvel e quando qualquer tipo de carne é cozido em água, o ácido úrico se difunde e se concentra nos líquidos de cozimento;
Para finalizar, cabe dizer que toda a dieta, por melhor que seja, só pode reduzir em 25% os valores plasmáticos do ácido úrico. Isso ocorre em aproximadamente 10 dias após o início da dieta.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ácido_úrico
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?7
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/acido-urico/acido-urico.php
http://www.mdsaude.com/2009/04/gota-acido-urico.html
http://drsergio.com.br/diet/uric.html